sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Produto Banal (Pequim)

O choque entre Paquistão e Pequim foi enorme. Aliás, o choque cultural que uma fronteira pode causar é impressionante, principalmente se a imaginarmos como uma linha, muitas vezes, apenas imaginária. Não foi diferente entre Irã e Paquistão, quando atravessei a pé os portões escancarados, procurando entre aquelas casas paupérrimas espalhadas de forma completamente aleatória quem estamparia meu passaporte. Havia deixado a ordem neurótica para mergulhar no caos generalizado. Entretanto, Paquistão e China tinham uma diferença menos evidente mas mais aterradora. Não a notei com clareza em Xigiang, a província que faz fronteira com o Paquistão. Ali não havia muito de China, considerando que o povo muçulmano pertence a uma raça de traços e tradições distintos, chamada uigur. A verdadeira China manisfetou-se em Pequim para onde voei ao sair de Kashgar. Dessa vez a hospitalidade comovente paquistanesa dava lugar à frieza de um país onde há pessoas em demasia. Assim como um produto extremamente banal, a vida perdeu seu valor.

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