terça-feira, 1 de outubro de 2013

Escovando as Asas

Parece que por mais que eu queira preparar-me para partir, planejar o que virá em seguida e deixar todas as coisas em seus lugares para que eu possa ausentar-me, só quando se torna eminente a necessidade de ir embora, é que eu consigo fazê-lo.
Acaba ficando tudo largado, a louça suja na pia, as roupas jogadas e espalhadas pelos cômodos. É assim, parecida a uma casa abandonada por apenas uns dias, que minha mente encontra-se no momento da partida. E é provavelmente por esse motivo que a hesitação persiste mesmo quando o desejo é claro. Não o desejo de partir, mas o de não ficar.
Essa moralidade irredutível desaparecerá, essa consciência da responsabilidade de não deixar nada por fazer, de concluir, de deixar todas as perguntas respondidas, de colocar o ponto final na última frase, do último parágrafo, do último capítulo, talvez afim de poder começar uma história absolutamente nova, sem qualquer raiz.

Um comentário:

  1. Bruno, "passarinho que se debruça o vôo já está pronto" J Guimarães Rosa.
    Bom vôo, querido.
    Bjo, gi cabral costa.

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