O fundo azul da bandeira de Curaçao representa céu e mar,
separados por uma faixa amarela simbolizando o sol no horizonte. A princípio
pode parecer estranho que as duas estrelas que representam as ilhas, Curaçao e
Klein Curaçao, que compõem o país apareçam no céu e não no mar, mas basta
conhecer esse lugar paradisíaco e a coisa começa a fazer todo o sentido.
Uma deliciosa mistura
O encanto de Curaçao vai muito além de praias oníricas. Sua multiculturalidade
é desproporcional às dimensões reduzidas da ilha. E reflete-se em tudo, a
começar pela língua. O papiamento se origina da mistura de seis idiomas:
português, espanhol, francês, holandês, inglês e um dialeto africano. Além
dele, a grande maioria dos habitantes fala também holandês, inglês e espanhol.
Com tantas possibilidades, comunicar-se é, certamente, muito fácil.
Toda essa miscelânia tem explicação na história do país, que
já teve nomes como Ilha dos Gigantes, por causa dos índios que habitavam a ilha
antes do descobrimento e Ilha Inútil, nome dado pelos espanhóis, frustrados
pela busca vã de metais preciosos.
Durante sua colonização passou pelas mãos de ingleses,
franceses, espanhóis e holandeses, sendo desses últimos que herdaram sua maior
influência como pode-se notar pelas casas da capital Willemstad.
Charmosa capital
Cidade-porto, a capital é dividida pela Baía de Santa Anna e
as características casas à sua margem são tombadas pela Unesco.
O bairro de Punda, hoje predominantemente comercial, foi o
primeiro da capital. Suas lojas se espalham por um labirinto de ruelas estreitas,
misturando artigos locais e marcas famosas, numa zona duty free que proporciona
um agradável passeio e excelentes compras aos viajantes.
Do outro lado da ponte flutuante Rainha Emma, está Otrobanda
(outra banda ou outro lado). Mais eclético que Punda, o bairro apresenta um
charme bastante diferente, “mais provinciano”. Um dos lugares curiosos do
bairro é o Mercado Velho (chamado de Plasa Bieu), um galpão com restaurantes
cujos pratos atraem turistas e nativos. Aí é possível provar um pouco da
culinária local, inclusive as exóticas sopas de quiabo, de cactos e, em certas
ocasiões, de iguana.
Feira flutuante
Ainda hoje, o país continua a atrair diferentes povos que
vão influenciando a cultura e criando um lugar único e pitoresco.
Um interessante exemplo disso, também em Otrobanda, é a
feira flutuante. Um barqueiro venezuelano foi obrigado certa vez a aportar em
Willemstad para reparar seu barco e, tendo frutas a bordo, resolveu vendê-las
para que não estragassem. Hoje a feira de frutas, verduras e legumes, predominantemente
formada por venezuelanos, é parte do cotidiano de Curaçao.
Depois do sol se pôr, é hora de ótimas baladas aquecerem as
noites da ilha. Excelente oportunidade para locais e turistas se misturarem, cada
lugar tem sua noite específica na semana. Por exemplo, às terças e quintas, o
sofisticado restaurante O Mundo transforma-se em casa noturna e garante com
excelente música ao vivo que ninguém fique parado.
Outra balada imperdível são as noites de sábado e domingo em
Mambo Beach, que funciona também diariamente como bar e restaurante. Ao ar
livre e à beira do mar, DJs agitam a noite dos finais de semana. Sempre
recomendável, entretanto, ficar atento a seus pertences e carregar apenas o
necessário.
Praias paradisíacas
As praias de Curaçao são geralmente pequenas e ladeadas por rochedos.
Suas águas extremamente transparentes e muito calmas, as tornam verdadeiras
piscinas naturais. Algumas delas são exclusivas de determinados hotéis. Em
outras paga-se uma pequena entrada (nada que pese no bolso).
Mas as praias gratuitas e públicas não deixam nada a
desejar, muito ao contrário, são as mais belas da ilha. É o caso de Kenepa, sem
dúvida a “menina dos olhos” de Curaçao, que fica a 40 minutos de Willemstad. A visão,
quando se chega a ela pela lateral, sobre um dos rochedos que a ladeiam, é simplesmente
hipnótica. Orgulhosa, a guia nos conta que a praia foi cenário do filme Lagoa
Azul. De características parecidas, Cas Abao, oferece um pouco mais de
infra-estrutura e sombras para os que precisam se resguardar do sol. As areias
escuras de Playa Forti são uma característica atípica às demais praias de
Curaçao mas as águas são da mesma inacreditável transparência.
Se as praias de Curaçao impressionam, a pequena ilha de
Klein Curaçao está, mesmo depois de conhecê-las, muito além de qualquer expectativa.
O catamarã Jonalisa To transporta diariamente cerca de 60 turistas até a ilha
deserta e serão provavelmente apenas eles que você encontrará por lá. O trajeto
leva cerca de uma hora e o passeio dura o dia inteiro. Almoço e bebidas estão
incluídos no pacote. E claro, snorkels e nadadeiras disponíveis para todos.
Basta cair na água para observar, buscando sombra embaixo do barco, um enorme
cardume. Algum tempo dentro d’água e aqui e acolá alguém exclama que viu uma
tartaruga, uma arraia ou mais provavelmente, ambos. Na ilha encontram-se também
um farol abandonado e a carcaça de um velho navio. São itens “obrigatórios”:
protetor solar e uma câmera sub-aquática.
Kenepa.
Kenepa.
Playa Forti.
Cas Abao.
Klein Curaçao.
Show de golfinhos
Mesmo que Curaçao puxe pelo exotismo, não poderia faltar-lhe
algumas das tradicionais atrações do Caribe. No Sea Aquarium, além do show de
golfinhos, pode-se ver uma extensa amostra da fauna marinha e até ter contato
com alguns animais.
Apesar da beleza da ilha, o país não esconde os pecados de
sua história. No Museu da Escravidão Kura Hulanda, a Senhora Yflen
Florentina-Ephrosina, negra, conta enfaticamente o passado de seu povo.
“Tenho um coração muito duro e orgulho de ser negra.” – diz
ela quando perguntada como se sente sendo guia do Museu. E completa – “Há vezes
que tenho que consolar alguns visitantes que se emocionam.”
O museu encontra-se dentro do hotel homônimo que também
merece uma visita. Os 80 quartos, individualmente decorados, são feitos em
casas tombadas pela Unesco.
Bebendo água do mar
Pequena e sem fontes naturais de água potável, a água que
abastece a ilha é dessalinizada por uma empresa chamada Aqualectra que produz
entre 13 e 14 milhões de metros cúbicos de água doce por ano.
Detalhe importante
Apesar do dólar ser amplamente aceito no país, pelo risco de
falsificação, em alguns lugares notas de cem dólares não são “bem vistas”. O
ideal é ter dinheiro trocado e se possível, alguns florins no bolso para o caso
de compras em lugares mais isolados.
Fama internacional, tema local